INTRODUÇÃO
Simão mora no reino do Sul, dominado pelo rei
Encanto Sagrado, que está no poder há mais de dois séculos.
Naquelas terras assim como no reino do Sul existem
dois tipos de pessoas: os seres sublimes e os seres carnais. Os seres sublimes
têm vida eterna, ou seja, nunca poderão morrer. Enquanto os seres carnais vivem
normalmente até os 100 anos. Os seres sublimes não envelhecem, não adoecem e
nem sentem medo. São eles que dominam a terra e ajudam os seres carnais a
vencer seus conflitos.
Os seres sublimes, porém não podem se encontrar com
a solidão. Caso isso ocorra eles se tornam em um ser carnal. Um dos meios de
adquirir a solidão é não entrar em contato com o rei, sacerdote ou seu líder
nas épocas determinadas.
Simão era um dos seres sublimes que esperava
conhecer o Encanto Sagrado. Ele já estava para completar quase os quinzes anos,
idade em que teria que ir ao Palácio Real e conhecer o rei.
Mas Simão estava muito ansioso para ir ao Palácio e
queria conhecer o rei antes dos quinze anos.
Os comentários que faziam do Encanto Sagrado eram
animadores, divertidos e empolgantes. Diziam que o Encanto Sagrado era um jovem
muito valente e forte. Falavam que ele podia com o piscar dos olhos se
transportar do reino do Sul para o reino do Norte, com poderes inimagináveis e
sobrenaturais. Todos admiravam sua inteligência, bravura e determinação.
No salão real, apenas duas pessoas estavam diante
dele: A rainha Lia, sua esposa, e o príncipe Guerreiro, seu filho. Apenas
podiam entrar os sublimes e carnais chamados pelo Encanto Sagrado. Bem como os
seres sublimes que estavam completando 15, 30, 45, 60, 75, 90 e 105 anos.
Depois dessa idade os seres sublimes teriam que comparecer diante do rei de
1000 em 1000 anos.
O ENCONTRO DE SIMÃO COM O ENCANTO SAGRADO
Em uma tarde muito fria, Simão voltava da escola,
cheio de perguntas para fazer ao rei no dia em que o fosse conhecer. Simão
contava dia após dia, até a data de seu aniversário de 15 anos. Sua cabeça
inquieta queria saber como o rei conseguiu achar a fonte dos Poderes.
A fonte dos Poderes é o único meio de um ser
sublime poder assumir a posição de rei naquela terra, já que todo rei deve ter
poderes sobrenaturais para governar a região do Sul.
Levantando os olhos, Simão viu algo muito estranho
em sua frente a uma certa distância que não dava para definir o que era.
Parecia pessoas discutindo ou brigando, mas não era. Ele correu mais para perto
pra ver o que era e quanto mais chegava perto mais difícil se tornava a visão
do que era. Então ele ouviu alguém gritar:
Voz distante: Não corra mais. Pare aí onde você está. Não venha
perto.
Simão: O que está acontecendo? Quem são vocês?
Voz distante: Não podemos falar. Agora vá pelo outro caminho e
não ouse passar aqui hoje outra vez. Ordem do Encanto.
Simão: Quero vê-lo. Onde está o rei? Preciso conhecê-lo.
Voz distante: faça apenas o que eu digo Simão. Volte pra casa
pelo outro caminho e não volte por aqui hoje.
Simão voltou para casa obedecendo à ordem dada pelo
rei, e não voltou naquele dia para aquele lugar.
Quando chegou em casa, comentou com o Justo, seu
pai, sobre o ocorrido. Justo ficou muito orgulhoso pelo seu filho.
Na manhã seguinte, cavaleiros sublimes pararam em frente
a porta da casa de Simão. Seu pai saiu para atendê-los.
Justo: Em que posso ajudar aos senhores?
Cavaleiro Pedro: Viemos levar Simão. O Encanto o chama.
Justo: Mas ainda não chegou o tempo. Simão faz quinze
anos daqui a cinco semanas.
Cavaleiro Pedro: Não seja resistente à ordem do rei. Temos que
levá-lo agora.
Justo: Pois não. Deixa-me acordá-lo. Aguardem um pouco.
Simão foi acordado e levado perante os cavaleiros
sublimes. Pedro o levou em seu cavalo real, Corsus, o cavalo mais famoso do
reino do Sul.
Aquele era um grande momento para o garoto de quase
quinze anos de vida eterna. Seus olhos brilhavam a cada galopada de Corsus. Seu
coração batia forte e ansioso para entrar no salão do rei Encanto Sagrado.
No caminho, os cavaleiros planejavam como seria a
entrada deles no Palácio Real. Simão queria ouvir, mas de repente foi impedido
por Pedro, que parou o cavalo no meio do caminho e o deixou ali esperando,
enquanto planejava com os demais.
Tudo era muito bem articulado e mantido em segredo.
O reino do Sul era um dos únicos reinos daquela terra a ser governado por um
rei apenas. Os outros reinos eram divididos em comunidades e cada comunidade
tinha um guerreiro que a governava. Em ambos porém habitavam seres sublimes e
carnais. Não havia um reino do mal. Todos os reinos daquela terra eram do bem.
Não existia inimigos naquela região.
Na entrada do Palácio Real, Corsus abriu suas asas
e voou levando Simão. O cavaleiro Pedro ficou à entrada juntamente com os
outros cavaleiros e cavalos. Corsus voava em direção ao lugar dos Poderes
reais, onde ficava o salão real. Simão olhava todos os lugares do Palácio e
cheio de felicidade entoava o cântico dos seres sublimes, cantado por eles em
momentos sublimes como o que vivia.
Chegando na porta do salão, Corsus o deixou e
retornou voando para o cavaleiro Pedro. Na entrada da porta havia um ser
sublime, guarda principal do rei Encanto Sagrado, chamado Guardian.
Guardian: Chegou na hora correta jovem sublime. O Encanto o
quer ver.
Simão: Esse momento eu esperei durante muito tempo e não
posso deixar de vivê-lo.
Guardian: Grite bem alto pelo nome do rei e as portas irão
se abrir.
Simão: Obrigado.
E Simão gritou uma vez o nome do rei. – “Encanto
Sagrado, estou aqui”. Mas nada aconteceu. Gritou pela segunda vez e ainda nada
havia acontecido. Foi até o Guardian e o disse que a porta ainda não se tinha
sido aberta. Guardian o recomendou gritar mais uma vez.
Simão tentou a terceira vez e um barulho muito
forte se fez e os portões se abriram. Uma luz muito forte vinha na direção dele
quando caiu de joelhos no chão. O rei vinha em sua frente mas Simão não podia o
ver, a luz era tão forte, como se fosse o sol em sua frente. Simão tentou
levantar sozinho, mas não conseguiu e uma mão forte o sustentou e o levantou,
chamando pelo seu nome com uma voz tão forte e ao mesmo tempo nunca ouvida.
Simão: Rei Encanto Sagrado. Esse momento é muito
importante para mim. Que bom estar ao seu lado, podendo ouvir sua voz. Mas
queria muito poder o ver.
Rei: Simão, filho. Poderá me enxergar quando teu
coração não estiver mais ansioso. Venha comigo. Temos muito o que conversar.
Simão: Rei. Como você é gentil e muito cheio de luz. É
mais do que falavam. Sua voz é esplêndida.
Rei: Simão, filho. O teu tempo comigo seria daqui a
cinco semanas. Mas o reino precisa de um ser sublime como você e por isso o
chamei. De todos os jovens do reino do sul, apenas sete conseguiram passar na
prova do caminho. Queria que fossem mais, porém, não posso trazer para o reino
seres sublimes que não ouvem as ordens reais. Tenho uma missão para vocês.
Simão: Rei. Que missão tenho que fazer? Algum problema
com os reinos de outras regiões? O oráculo acordou?
Rei: Não Simão, não fale isso. O oráculo dorme há
milhares de anos e jamais poderá acordar. O rei Juan destruiu o oráculo
eternamente e o prendeu na prisão do sono eterno.
Simão: Mas rei, as informações que tenho são que os
reinos estão em paz e não existem problemas desde a época do Juan.
Rei: Simão. Temos um problema sim. E o reino do sul
corre um grande risco se não agirmos logo. Olha pra mim.
Simão: Rei, estou conseguindo enxergá-lo.
Rei: seu coração finalmente está tranquilo.
Naquela hora Simão começou a chorar de muita
alegria e abraçou o rei que tanto amava. Os seres sublimes da região do sul
eram os únicos seres que se dedicavam ao seu rei de maneira diferenciada. Em
todas as outras regiões daquela terra não havia reino igual.
Aquela região estava dividida em quatro reinos: o
reino do sul, governado por Encanto Sagrado; o reino do Norte, dividido em duas
comunidades, a comunidade da luz, dirigida pelo sacerdote Chorgus, e a
comunidade do sol, dirigida pela princesa Serghian; o reino do Mar, que não
tinha líderes, mas era dividido por duas regiões principais e cada uma delas
governada por duas famílias de seres sublimes: a região das Luzes, com a
influência das famílias Hogles e Jubil e a região dos Justos, sob influência
das famílias Conde e Manfah; e o reino da comunidade dos Sublimes, dividida em
três regiões: a região do Poder, liderada pelo sacerdote Heitor; a região de
Juan, antigo rei do Sul, liderada pelo próprio Juan e a região dos reinos do
Poder, governada pelo sacerdote Imperius.
Todos os reinos eram do bem e não havia um reino do
mal. Todos eram cordiais e não havia inimigos. As únicas tentativas de guerra
se deram na época do sacerdote Oráculo, mas a batalha daqueles poderosos não
chegou a ocorrer por intervenção de Juan que prendeu milagrosamente oráculo em
um sono eterno para fazê-lo perder a idéia de unificar aquela região e se
tornar o único rei para sempre, o que é uma abominação aos olhos dos seres
sublimes.
Simão: O que está acontecendo?
Rei: venha comigo. Temos que conversar na sala de
reuniões reais.
Simão: Vamos.
...
Rei: A comunidade da luz está se preparando para criar
um novo reino que ameaça o nosso reino. Eles articulam a unificação do reino do
norte, o que não seria problema, mas querem expandir seu reino até o nosso e o
articulador principal não tem a aprovação da princesa Serghian para a
unificação.
Simão: Como um sublime pode agir assim, mesmo sem a
aprovação do outro.
Rei: Quando um sublime discorda com outro existe o
apelo popular, envolvendo os carnais e sublimes. A aprovação está dada pelo
povo, mas é impossível a expansão ao nosso reino, que se torna um obstáculo
para o projeto da comunidade da luz. No entanto, o sacerdote Chorgus não quer
dar ouvidos a mim e nem me recebeu em sua casa quando tentei falar com ele.
Seus projetos são abomináveis a partir daquele dia. Não poderão continuar. Por
isso temos que agir e começar uma batalha entre poderosos.
Simão: Rei Encanto Sagrado. Isso é uma ameaça aos seres
carnais que não podem resistir a forças sobrenaturais. Como travaremos essa
guerra?
Rei: não iremos travar guerra na região. Iremos
guerrear no castelo das Forças, na região dos reinos distantes. O sacerdote
Orhum nos deu sua autorização.
Naquela mesma hora entram na sala de reuniões a
rainha Lia e o príncipe Guerreiro correndo. Parecia ser algo muito estranho
acontecendo...
Rainha: Encanto Sagrado, meu rei. O sacerdote Chorgus está
a sua espera no pátio real. Disse que precisa vê-lo urgente e pede desculpas
por não tê-lo recebido.
Rei: Mande dizer que as desculpas são lhe dadas.
Guerreiro, príncipe do reino, leve o sacerdote Chorgus ao salão do reino e peça
para me esperar.
Príncipe Guerreiro: Às suas ordens, pai, meu rei.
Simão acompanhou o rei Encanto Sagrado até o salão
do reino para tratarem junto ao sacerdote Chorgus sobre a situação
desencandeada por sua indisciplina.
Ao chegarem ao salão do reino o sacerdote já estava
ali.
Sacerdote Chorgus: Rei Encanto Sagrado. Muito grato por ter me
perdoado e me recebido em seu reino.
Rei: Nós estaremos a disposição dos demais sacerdotes,
líderes e reis de nossa terra para o bem dos seres carnais e dos seres
sublimes.
Sacerdote Chorgus: Claro Rei. Por isso estou aqui. Meus planos são
esses e sempre estarei olhando para o bem de nossos subordinados.
Rei: Não consigo entender sua atitude em querer
unificar os reinos do sul e norte. Isso contraria nossa terra e o desejo do
nosso povo.
Sacerdote Chorgus: Não. Jamais contrariou e jamais há de contrariar
nossa terra e nosso povo. A unificação tornará possível um alinhamento dos
nossos ideais e um reino mais forte.
Rei: Mas você conseguiu por seu ato tornar sua intenção
abominável. E você sabe que isso significa violação de princípios que regem
nossa Lei Superior. Você não me recebeu em sua região.
Sacerdote Chorgus: Entendo isso. E sei que essa situação só poderá
ser resolvida com a batalha do bem contra o bem, ou seja, batalha dos poderosos
e quem vencer terá a decisão final. Por isso vim dizer que a comunidade da Luz
já formou a equipe para a batalha. Temos doze pessoas escolhidas dos melhores
jovens sublimes. Estamos prontos para a guerra e na data determinada iremos
lutar por nosso ideal.
Rei: Não se preocupe. Temos nossa estratégia também. Vá
em paz e coloque sua gente para pensar bastante e agir por amor ao reino de
nossa terra e não somente pelo seu ideal, sacerdote.
...
Simão: Rei Encanto Sagrado. Como venceremos a comunidade
da luz se somos apenas sete jovens escolhidos.
Rei: Jovem, não veja por esse ângulo. Os poderosos não
medem pela quantidade, mas sim pela unidade do seu grupo. O poder não está no
indivíduo em si, mas sim na equipe. Os resultados são maiores quanto maior for
a sinergia do grupo. Se você e sua equipe focar o bem da nossa terra e entender
que estamos aqui pelos seres carnais, para ajudá-los a vencer suas limitações,
será um diferencial na luta do bem contra o bem.
Simão: Claro. Agora sei o motivo de ser um rei tão amado
em nosso reino. Quando formaremos a equipe e quem será o líder da equipe?
Rei: Acredito que você já tem a noção de quem será o
líder. E formaremos a equipe assim que a ordem do céu conceder a autorização
para sua formação.
Simão: Todo esse seu carinho por mim me dá realmente a ideia
de que eu serei o líder da equipe. Mas ainda não entendo.
Rei: Você foi escolhido líder por sua persistência e
coragem em querer conhecer a mim e ao meu reino, além de ter passado na prova
do caminho. Sua vida sempre foi um desejo de conhecer o rei e isso é muito
especial pra mim e para todos os seres carnais e sublimes. Amanhã quero você na
sala da ordem do céu. Você irá dormir conosco até o fim da batalha.
Simão: Obrigado, rei meu. Estou muito animado para lutar
pelo reino.
Rei: Agora vá. O príncipe Guerreiro o acompanhará até
teu quarto novo.
Aquele dia foi muito marcante para Simão. Seu
coração estava tranquilo e não mais ansioso, pois já havia realizado seu sonho
de conhecer o reino e ao rei.
Na manhã seguinte o conselho real, chamado de ordem
do céu, composto por chefes do reino iria se reunir para definir as diretrizes
principais da batalha dos poderosos, as estratégias e definir a equipe bem como
o nome da equipe. Somente com a autorização formal da ordem do céu a equipe
poderia ser formada e reunida. Eram componentes da ordem do céu: os
conselheiros reais, o Sublime Hélio, o Sublime Kian e a Sublime Marry, que eram
os principais da ordem e conselheiros diretos do rei Encanto Sagrado. Ainda, havia
os notáveis e iluminados, equipe responsável pela administração do reino, o
Sublime Michel, o Príncipe Guerreiro e a rainha Lia; e os sacerdotes reais, o
sacerdote Petrus, a sacerdotisa Hanna e o sacerdote Giulius. Os sacerdotes
representavam as pessoas ou subordinados do reino tratando de questões sociais
e levando ao rei as principais aspirações daquela terra. Todas as vezes que a
ordem do céu se reunia, o rei comparecia de forma a conduzir a reunião e
poderia levar um convidado de seu interesse. Todos eram pessoas de total
confiança do rei e do reino.
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