Nos bastidores da diplomacia internacional, certos recados são sussurrados. Outros, porém, são dados em voz alta — e soam quase como um ultimato. Foi o caso da declaração contundente feita por um vice-secretário de Estado dos Estados Unidos sobre a atual conjuntura política brasileira.
O foco da crítica é direto: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O tom é grave. Segundo o texto, publicado com todas as letras, Moraes teria "usurpado poder ditatorial", ameaçando lideranças dos outros Poderes com prisões e punições, e, mais que isso, comprometendo seriamente a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos.
“O que está acontecendo agora no Brasil destaca esse ponto: um único juiz da Suprema Corte usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros ramos do governo — ou suas famílias — com prisão, detenção ou outras penalidades.”
A crítica vai além das fronteiras. Literalmente. O texto acusa Moraes de tentar aplicar extraterritorialmente a legislação brasileira sobre empresas e cidadãos nos Estados Unidos, como forma de silenciar críticas — algo que, segundo o vice-secretário, rompe com os princípios do direito internacional e agride a soberania americana.
“Essa pessoa destruiu o relacionamento historicamente próximo com os EUA ao tentar aplicar a lei brasileira em solo americano.”
Mais do que um confronto diplomático, o texto escancara um impasse institucional: segundo ele, não há diálogo possível com um juiz que alega agir apenas segundo a lei — mesmo quando seus atos extrapolam, na visão do governo americano, os limites da Constituição.
“Encontramo-nos em um beco sem saída, onde o usurpador se esconde atrás do manto do Estado de Direito, enquanto os demais Poderes afirmam estar de mãos atadas.”
Este é, talvez, o ponto mais sensível da crítica: a constatação de que nenhum precedente histórico seria comparável ao que ocorre no Brasil hoje — um único juiz, não eleito, sendo apontado como alguém que concentra poder suficiente para definir os rumos de um país democrático.
O recado é claro. E, apesar de diplomático em forma, é brutal em conteúdo. Os Estados Unidos querem reaproximar-se do Brasil — mas sinalizam que isso não será possível enquanto a atuação do Judiciário, ou de parte dele, continuar sendo percebida como autoritária e unilateral.
Reflexão final
A crítica vinda do alto escalão do governo americano não é apenas um embate entre indivíduos. É um alerta. Mostra como decisões internas, tomadas por um único agente de Estado, podem ecoar globalmente e afetar o prestígio, a estabilidade institucional e a soberania do Brasil no cenário internacional.
A pergunta que fica é: até que ponto vamos permitir que o desequilíbrio entre os Poderes — sob a justificativa de combater abusos — se torne, ele mesmo, um abuso irreversível?
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