O Inconformado - especial de fim de ano

Postagem Número 2: 20.12.2008

Como falei, recusei o convite do Joe. Ele ficou um pouco chateado comigo. Tanto que ele desligou o telefone sem ao menos se despedir. Tudo bem, eu já havia me acostumado com aquele cara. Era o jeito dele e nem por isso eu deixei de ser o seu melhor amigo. Aliás, sou o seu melhor amigo atualmente. Pelo menos é o que acho.
Bom. O Joe recusou inteiramente os planos de sua família. Mas ele queria dessa vez viajar com sua mãe, seu pai e sua irmã mais nova. Mas não para Nova Iorque. Ele passou cerca de duas semanas tentando convencer que Paris era o melhor lugar de se passar o natal e o réveillon. A mãe do Joe até estava mesmo querendo viajar com o filho. Apesar disso, Joe não conseguiu convencer o pai e a irmã. Todos os dias era uma verdadeira apelação naquela casa, aliás, uma mansão luxuosa. Joe tentou de tudo, até chorou feito criança mimada. Se bem que eu sempre achei ele muito mimado, um cara com seus vinte e dois anos de idade, graduado em engenharia da computação, um nobre filho da Califórnia, não era para ser desse jeito. Mas o que eu posso fazer?
Numa tarde de sábado, fui almoçar com o Joe, e ali presenciei uma coisa que acho nunca mais vou ver. Uma dezena de revistas com apelação de viagem para Paris. E todos ao invés de deliciarem a comida posta na mesa com tanto carinho por Mary e feita pelas mãos da melhor cozinheira da cidade, a Rose, estavam todos, inclusive o Joe, lendo a revista na hora sagrada. Bom, eu agradei a Deus, almocei, ninguém me acompanhou, fiquei tentando puxar conversa, mas ninguém me deu atenção, chamei o Joe e ele apenas disse: ã? E continuou lendo a revista. Nunca me senti tão péssimo. Voltei pra casa e esqueci aquele almoço solitário.
O Joe conseguiu convencer o pai dele. Afinal, Nova Iorque, dentro do país. Que nada! Vamos à Europa. Foram poucas as vezes que eles foram até lá. Sem falar na última viagem a Londres no meio do ano, eles já foram mais de trinta vezes pra lá. Mas o Joe, pelo visto não se conforma com esses números. Quer conhecer Paris pela quinta vez. “Mas eu nunca passei o fim de ano lá!” Me disse Joe em estado nervoso. “Calma, calma, amigo. Fica frio, Joe”.
Vocês vão saber logo, logo o que aconteceu naquele final de ano do meu amigo inconformado. Bye.

Até Segunda.