MARCO

Para administrar a fábrica, os Santos contrataram o administrador Jonas Sandorval, conhecidíssimo no meio profissional e um dos melhores do país. Ele me influenciou muito. Ele me ensinava como gerenciar negócios e me motivava pra aprender administração. Saíamos juntos, conversávamos sobre negócios. Foi assim que meus olhos foram abrindo para o mundo dos negócios. Eu já tinha idéia do que fazer depois de terminar o segundo grau. Eu iria cursar administração.
Sandorval ficou na administração geral até o Juan voltar do exterior. Depois que os Santos retornaram, Sandorval iria ser chefe do setor de recursos humanos. E eu fui com ele pra lá, sendo o seu assistente.
Mesmo eu crescendo na empresa, meu desejo estava apenas focado na recuperação do Juan. Eu o visitei na manhã do início da primavera, quando ele voltou depois de mais de 5 meses em outro país. Quando estava junto dele me desesperei e chorei demais. Vê aquele garoto naquela situação foi como se meu coração estivesse sendo partido. Era como se um pedaço de mim estivesse dilacerado.
O Juan foi a única pessoa do mundo em que eu tive muita confiança e uma amizade surpreendente. Suas últimas palavras antes de morrer foram emocionantes. Eu nunca me esqueci delas. E até hoje, elas soam em meus ouvidos como naquela tarde em que ele morreu.
Eu já estava no final do ensino médio e com quase dezoito anos. Fazia mais de um ano e meu amigo estava em coma ainda. Muita coisa mudou. Eu estava gerenciando o departamento de finanças há alguns meses, claro auxiliado pelo gerente financeiro da fábrica, que estava para sair e deixar a meu cargo o setor. Daqui há alguns dias eu ia prestar vestibular para administração na faculdade de administração nacional, uma das mais concorridas do país. Eu já tinha me acostumado com meu amigo daquela forma, mas ainda não acreditava que ele estava daquele jeito. Eu preferia acreditar que ele estava viajando por um bom tempo e que ia voltar algum dia.
Numa manhã, indo para o serviço, eu recebo uma ligação da Dona Janete. Ela me falava ansiosamente que era pra eu ir até o hospital. Eu pedi pro meu motorista mudar o trajeto e me levar onde o Juan. Chegando lá, os Santos me abraçaram fortemente e me disseram que o Juan tinha recobrado. Eu fiquei surpreso e sem reação. Rapidamente me dirigi a sala e chegando lá o abracei por vários minutos. Ele me falou que gostava muito de mim e que eu era o irmão que ele nunca teve. Eu falei que sem ele eu não poderia ser feliz e minha vida não seria a mesma. Disse ainda que eu estava muito feliz por ele ter voltado daquele sono profundo. Mas ele me disse que não estava dormindo e sim sonhando.
O médico pediu que eu me retirasse e que faria uns exames nele. Eu me retirei. Foi a última vez que eu conversei com ele. Os exames demoraram toda a manhã. Os pais dele e eu estávamos super ansiosos. Quando foi a tarde o doutor que o examinava se dirigiu até nós e contou o estado dele. Para o doutor o estado dele era gravíssimo e que a qualquer momento ele poderia voltar a entrar em coma e morrer. A mãe dele chorou demais e desmaiou. Nós não compreendíamos até o doutor explicar junto com sua equipe sobre esse caso raro de pessoas voltarem do coma e depois não suportar o impacto ao acordar depois de vários dias inconsciente. Ele estava ainda acordado, mas não podíamos entrar a não ser Dona Janete que foi vê-lo. Ela nos contou que ele estava ficando sem noção das coisas e que falava coisas incoerentes e não compreensíveis até que entrou em processo de coma e depois em menos de meia hora veio a falecer. Antes de morrer ele disse que queria ganhar a competição. Foram suas últimas palavras antes do coma e de sua morte.

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1 Comentários

Olá amigo!

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Grande abraço