MARCO

CAPÍTULO III: O ANO EM QUE JUAN FICOU DOENTE

O início de mais um ano estava a surgir. A festa foi maravilhosa na casa do Juan. Minha mãe foi convidada pessoalmente pelos Santos, pais de Juan Santos. Ela levou o Eduardo e a metida da Júlia. Mesmo assim, isso não me incomodou. Afinal, minha mãe tinha uma família, que apesar de sofrimentos que passava, achava que ali era seu lugar.
As aulas começaram em março daquele ano. Foi nessa época que meu amigo ficou doente. Ele gostava muito de bicicleta. Era campeão nacional em competições. Nas provas de inicio de temporada, ele sofreu um grave acidente que o levou a um quadro de coma profundo.
Eu estava na aula quando recebi a ligação da Dona Janete. Ela estava desesperada. Sai correndo do colégio e fui de táxi até o Hospital Central, onde ele estava. As provas estavam sendo realizadas no Clube da Cidade. O médico informou pra gente que o Juan não estava bem, corria sérios comprometimentos e que talvez perdesse os movimentos das pernas ou a própria vida. Nós choramos muito. O seu Luciano estava abaladíssimo e dona Janete teve que ser internada na mesma hora em que recebeu a notícia. Todos os familiares do Juan estavam ali. A imprensa nacional fez várias entrevistas com os médicos e todo o país ficou por dentro do ocorrido com Juan.
Meu coração estava profundamente triste. Eu cheguei próximo a cama do Juan e falei nos ouvidos dele que ele sairia daquela situação e que eu sentia muito por não poder ajudá-lo. Disse também que agora seria a hora de eu agradecer toda a sua amizade e companheirismo durante aquele ano.
Foi uma série de dificuldades que passamos naquele período. Foi justamente naquela época que o Dr. Luciano me tirou da divisão de embalagens e me colocou no setor administrativo para auxiliá-lo nos negócios. Ele me ensinou muita coisa ali. Meu salário aumentou e eu tive condições de comprar um carro. Mas por causa da minha idade, eles pagaram um motorista pra mim até quando eu completei dezoito anos e pude tirar minha carteira de habilitação.
Juan passou por diversos especialistas em todo o país e chegou a sair pro exterior, onde seria tratado por especialistas famosíssimos por sua experiência. Já faziam mais de dois meses e meu amigo continuava em coma. Os médicos do exterior conseguiram fazer uma cirurgia nele. Essa evitaria a perda dos movimentos das pernas, no entanto, ele não recobrou. Continuava em coma e agora os médicos recomendaram os pais dele de trazerem de volta pro país. Era apenas uma questão de tempo.

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