MARCO - CAPÍTULO 1

MARCO

CAPÍTULO 1: Minha Vida até os quinze anos...

Quando lembramos do nosso passado, das épocas da infância, dos dias em que nossas mães nos colocavam em seu colo e faziam a gente parar de chorar, é muito emocionante. É como se mergulhássemos numa piscina de emoções...
Minha vida não foi muito fácil, passei por dificuldades quando morava no Centro, mas mesmo assim superei muitas dores. Até os seis anos morava com meu pai e minha mãe, mas a partir dos sete, com meu padrasto, minha mãe e a filha dele. Por sinal ela sempre implicava comigo. Sua filha chamava-se Júlia. O Eduardo casou com minha mãe assim que meu pai se separou dela. Eu só tinha sete anos. Eu não entendia, mas era dolorido ver minha mãe com outro cara. Não conseguia me sair bem na escola. Fiquei na primeira série por mais de dois anos consecutivos.
Mas eu quero contar mesmo a revolução que aconteceu comigo quando completei dezesseis anos. Eu consegui um emprego na fábrica de Brinquedos Janete, uma das melhores do país, lá eu ganhava muito bem. Dava pra eu pagar o aluguel de um apartamento e morar sozinho. Conversei com minha mãe e disse que não agüentava mais o Eduardo e muito menos a Júlia. Não poderia mais viver ali. Ela deixou.
Muitas vezes chorei a noite. Tinha saudades do papai, mas ele nem queria saber de mim e nem da minha mãe. Até onde eu sabia, ele tinha saído do estado com outra mulher. Mesmo assim eu o amava e um dia pensava em ir atrás dele. Queria saber como estava. Poucas foram as vezes em que conversei com ele. Eu apenas gostava de brincar de carrinho no chão com ele. Mas mesmo assim eram momentos raros, pois ele não me dava muita atenção, vivia sempre muito ocupado com o trabalho. Ele era pedreiro e era o único que colocava dinheiro em casa, pois minha mãe não tinha emprego.
Lembro de brigas horrorosas que minha mãe tinha com ele por causa do fumo e das bebidas. Eu não entendia o que se passava com eles, até perceber que um dos dois estava falando em sair de casa. Meu pai já estava cansado dos vícios da mamãe e um dia ele desapareceu sem ao menos despedir-se da gente. A última vez que o vi estava deitado no sofá, dormindo e a televisão ligada. Naquele mesmo dia eu apenas ouvi vários palavrões da mamãe, no quarto, brigando com ele, e na manhã seguinte não estava mais ali.
Alguns meses depois, mamãe conheceu um outro homem. A gente iria se mudar pra casa dele. Mamãe vendeu nossa casa e comprou alguns móveis novos que levamos pra casa do Eduardo, seu novo marido. O Eduardo mostrou-se frio comigo e não gostava de mim, não queria que eu morasse com eles. Ele pedia pra mamãe me deixar com meu pai. Mamãe dizia que não faria isso nunca.
Ele tinha uma filha que já estava adolescente. Ela desde que eu cheguei lá, implicava comigo a pedido do Eduardo. Me batia sem ao menos eu fazer algo de errado. Foram esses os primeiros motivos de briga do Eduardo e da mamãe.

Marco - Todos os direitos reservados by Safecreative
Continua no próximo domingo.

Postar um comentário

0 Comentários